Impacto da arquitetura no bem-estar dos doentes nos hospitais modernos

A arquitetura hospitalar influência grandemente a forma como os doentes são tratados e a estrutura do ambiente médico. A disposição dos quartos dos doentes, a adição de comodidades e tecnologia e outros aspetos da arquitetura hospitalar têm um impacto na perceção dos doentes, dos seus familiares diretos e de todos os que trabalham nos hospitais. A arquitetura hospitalar tem como objetivo criar ambientes de cura que deem prioridade ao conforto, segurança, bem-estar e recuperação dos doentes.

Em primeiro lugar, a iluminação natural desempenha um papel essencial na conceção da arquitetura para melhorar o bem-estar mental. O acesso à luz natural e às vistas da natureza tem sido consistentemente associado a melhores resultados em termos de saúde. A exposição à luz do dia ajuda a regular os ritmos circadianos, melhorando a qualidade do sono e a disposição geral. 

Um estudo de referência efectuado por Ulrich (1984) demonstrou que os pacientes cirúrgicos com vistas para paisagens naturais tinham estadias mais curtas no hospital e necessitavam de menos medicação para a dor do que aqueles com vistas para paredes de tijolo. Os hospitais modernos dispõem frequentemente de grandes janelas, claraboias e espaços ajardinados exteriores para integrar elementos naturais na experiência do doente. Estas caraterísticas contribuem para reduzir o stress, acelerar a recuperação e aumentar a satisfação com a estadia no hospital.

A ligação à natureza é um elemento essencial da conceção de um hospital centrado no doente. A possibilidade de ver ou experimentar a natureza diretamente a partir de um quarto de hospital tem efeitos terapêuticos poderosos. Conhecida como a hipótese da biofilia, esta ideia sugere que os seres humanos têm uma afinidade inata com os ambientes naturais. Por exemplo, os jardins de cura ao ar livre, que são jardins acessíveis, proporcionam espaços de relaxamento, reflexão e socialização. Estes jardins são concebidos para acomodar doentes com diferentes níveis de mobilidade. Nos hospitais urbanos, onde os terrenos são escassos, os jardins nos telhados oferecem um santuário privado para os doentes, as famílias e o pessoal. A utilização de plantas e de paredes verdes nos interiores dos hospitais cria uma ligação à natureza, mesmo em espaços sem vistas diretas para o exterior. A vegetação e a natureza nos hospitais também apoiam as necessidades emocionais das famílias e do pessoal, criando uma atmosfera mais positiva.

No entanto, a conceção e a circulação do espaço nos hospitais são componentes essenciais da arquitetura dos cuidados de saúde que terão um impacto significativo no bem-estar dos doentes, na eficiência do pessoal e na funcionalidade geral das instalações. Um planeamento espacial cuidadoso fomenta uma sensação de segurança, reduz o stress e melhora os resultados dos cuidados de saúde, promovendo operações suaves e eficientes. Tal como o zonamento lógico que distingue claramente as zonas públicas, semi-públicas e privadas, cria um fluxo intuitivo. Pode também ajudar o médico e a enfermeira a ter um fluxo de trabalho mais eficiente.

Por outro lado, a utilização de cores e materiais na conceção de hospitais afecta significativamente o bem-estar físico e psicológico dos doentes, do pessoal e dos visitantes. Por exemplo, a utilização de cores calmantes, como o azul e o verde, normalmente utilizadas nos quartos dos doentes e nas áreas de recuperação devido aos seus efeitos calmantes. O azul promove a tranquilidade, baixa a tensão arterial e alivia a ansiedade, enquanto o verde promove o equilíbrio e o relaxamento. Na seleção de materiais, tal como na seleção de materiais que absorvem o ruído, os painéis de teto acústicos, as alcatifas e os revestimentos de parede que amortecem o som minimizam a poluição sonora, o que é fundamental para criar um ambiente de descanso para os doentes. A seleção cuidadosa e a aplicação de cores e materiais na conceção de hospitais desempenham um papel fundamental na criação de ambientes curativos. Através de escolhas ponderadas, os designers podem equilibrar a funcionalidade e a estética, respondendo às diversas necessidades dos doentes, das famílias e do pessoal de saúde. Tirando partido da investigação sobre os impactos psicológicos e físicos destes elementos, os hospitais podem criar espaços que promovam o bem-estar, reduzam o stress e melhorem os resultados da recuperação.

 

Importância do Projeto de Arquitetura?

projeto de arquitetura  é um fator vital, mas muitas vezes subestimado, nos resultados dos cuidados de saúde. Ao dar prioridade a princípios de conceção baseados em provas, como a luz natural, a eficiência espacial, a seleção de cores e materiais, os hospitais modernos podem melhorar significativamente o bem-estar dos doentes. Estas considerações não só promovem uma recuperação mais rápida, como também melhoram a experiência global dos pacientes, dos doentes e dos profissionais de saúde.

Ulrich, R. S. (1984). View through a Window May Influence Recovery from Surgery. Science, 224(4647), 420–421.

Verderber, S., & Fine, D. J. (2000). Healthcare Architecture in an Era of Radical Transformation. Yale University Press.

Malkin, J. (2008). A Visual Reference for Evidence-Based Design. The Center for Health Design.

Hamilton, D. K., & Watkins, D. H. (2009). Evidence-Based Design for Multiple Building Types. John Wiley & Sons