Painéis CLT – Sustentabilidade na construção com madeira

O Homem tem utilizado a madeira como material de construção desde os tempos pré-históricos. No entanto, com o surgimento do betão armado, a sua relevância tem vindo a declinar progressivamente. Esta mudança tem provocado uma acentuada redução na utilização da madeira na construção. Nesse sentido, a sociedade passou a associar as estruturas em madeira a uma fragilidade, caráter temporário e durabilidade limitada.

As atuais políticas ambientais têm como foco primordial a redução urgente das emissões de dióxido de carbono. Neste contexto, a utilização da madeira como material de construção adquire uma nova perspetiva de viabilidade. A madeira, sendo um recurso natural renovável, de fácil reciclagem e com capacidade de reter dióxido de carbono, emitindo-o apenas durante a combustão ou decomposição, destaca-se como uma opção ambientalmente sustentável e alinhada com as exigências atuais da preservação ambiental.

 

Painéis CLT na construção

Atualmente, surgiram novos métodos construtivos que utilizam a madeira como material estrutural, introduzindo um produto inovador destinado a revolucionar a Construção de Edifícios em Altura. Este novo derivado de madeira, designado por CLT (Cross Laminated Timber, ou em português, madeira laminada cruzada), apresenta uma notável capacidade de carga aliada a um peso próprio reduzido, permitindo a criação de elementos de elevada esbeltez, mesmo em vãos de grandes dimensões. Comparativamente a outros sistemas estruturais habitualmente utilizados na construção, este método apresenta novas possibilidades de distribuição de cargas.

O CLT, enquanto um derivado de madeira relativamente recente (desenvolvido por volta de 1990), realça as vantagens e minimiza as desvantagens do uso da madeira, tornando-se uma solução construtiva cada vez mais popular na indústria da construção. Ainda carecendo de normas específicas e uniformes, uma vez que não está inserido no eurocódigo 5 (eurocódigo utilizado para o dimensionamento de estruturas de madeira), este material está a ser alvo de estudos e pesquisas contínuas, visando a sua regulamentação abrangente, algo expectável num futuro próximo. Parte da sua reputação positiva está associada a uma preocupação global crescente com a sustentabilidade ambiental. Essencialmente, por se tratar de um material renovável, o CLT apresenta-se como uma solução profundamente sustentável.

O CLT é um material derivado de madeira aprimorada, combinando características favoráveis e atenuando as desvantagens, tornando-se assim um material de grande relevância na indústria da construção. No entanto, é importante salientar que este material possui vantagens e desvantagens inerentes.

Wood House – projeto com estrutura de madeira pré fabricada.

 

Vantagens do CLT

No que diz respeito aos aspetos positivos dos painéis CLT na construção como elemento estrutural, destacam-se a sua resistência, durabilidade, capacidade de proporcionar conforto térmico e acústico, capacidade de regulação higroscópica, assim como o seu desempenho em situações de incêndio e diante da ação sísmica. A resistência que um painel CLT oferece em edifícios convencionais de dimensão “reduzida” equivale, no mínimo, à resistência estrutural à compressão do betão armado. Este último, por ser flexível, necessita de sofrer consideráveis deformações antes de colapsar. 

Além de apresentar, pelo menos, a mesma capacidade de suporte que o betão armado para esta tipologia de construção, o CLT destaca-se pela redução na densidade por m³, comparativamente ao betão e ao aço, representando aproximadamente 20% da densidade do betão armado. A durabilidade dos painéis de CLT varia de acordo com a espécie de árvore e o processo de degradação biológica, dado que provêm de um material natural e biológico, a madeira.

Uma Passive House é um tipo de edifício que assegura o conforto térmico e a qualidade do ar sem depender de sistemas de ventilação mecânica, baseando-se no conceito de baixo consumo energético, seguindo cinco princípios:

  • Adequados níveis de isolamento da envolvente do edifício;
  • Janelas e portas Passive House adequadas à norma;
  • Sistema de ventilação com recuperação de calor;
  • Estanquidade ao ar da envolvente do edifício;
  • Evitar pontes térmicas na envolvente do edifício.

Um edifício construído em CLT pode ser facilmente qualificado como uma Passive House, já que cumpre os requisitos previamente listados que estão diretamente associados, isto é, todos exceto os que não dependem do material estrutural, o CLT. 

 

Desvantagens do CLT

Apesar das várias vantagens que o CLT oferece, existem algumas desvantagens a considerar que podem desencorajar a sua aplicação em obras. A construção com CLT tende a ser mais dispendiosa quando comparada aos métodos tradicionais. Isto deve-se à necessidade de procedimentos altamente específicos na produção dos painéis, que requerem equipamentos especializados. Além disso, estes materiais estão disponíveis em pequena escala e limitados geograficamente, o que implica custos adicionais de transporte para as obras.

Por ser um material recente, ainda há  pouco histórico, estudo e conhecimento sobre o CLT, tanto por parte de arquitetos e projetistas como por parte dos proprietários. Associada a estes fatores, existe também a questão da disponibilidade, uma vez que o número reduzido de empresas especializadas em CLT limita a oferta à capacidade dessas empresas. Por outro lado, outra grande desvantagem do uso do CLT é sua fragilidade quando em contato direto com o solo, devido à humidade. Por isso, desaconselha-se o uso do CLT no piso térreo, a menos que sejam adotadas soluções específicas de afastamento como “embasamentos”, juntamente com medidas adicionais de impermeabilização e ventilação. Os painéis de CLT são produzidos com cortes precisos, seguindo os projetos de especialidade, exigindo que estes sejam desenvolvidos com alta precisão e rigor geométrico.

 

Considerações finais

O sistema UT (Urban Timber) procura tornar o CLT um material mais versátil e atrativo para o mercado da construção. Pretende responder de forma adequada às exigências quantitativas e qualitativas dos edifícios que vão moldar as cidades do futuro. Para além das vantagens, este método oferece uma melhor utilização do espaço e utiliza a sua flexibilidade para responder de forma eficaz às necessidades atuais.

Em suma, é crucial salientar que a procura por novos sistemas construtivos em CLT deve continuar, explorando ao máximo as múltiplas qualidades dos painéis, gerando novas abordagens para pensar, projetar e construir com a madeira.

Ficou interessado em explorar o potencial dos painéis CLT na construção? Conte com os serviços da MJARC. Desde arquitetura e engenharia, dispomos de profissionais e parceiros que ajudá-lo-ão a cumprir os seus objetivos. Contacte-nos para obter mais informações!