Os arquitetos e construtores cada vez mais procuram formas de minimizar o impacto ambiental, tornando os edifícios sustentáveis uma prioridade nos dias de hoje. A MJARC, comprometida com práticas ecoconscientes, procura explorar os materiais mais fáceis de reciclar nas suas construções. Neste artigo, exploramos os diferentes materiais sustentáveis disponíveis e como a sua escolha pode contribuir para um ambiente mais verde.

 

Materiais reciclados: uma escolha consciente

Os materiais reciclados podem ser compostos por resíduos pós-consumo ou pré-consumo, ou uma combinação de ambos. Os resíduos pós-consumo são gerados pelos consumidores, como latas de alumínio, plástico, sucata de aço durante a construção, entre outros. Já os resíduos pré-consumo, também conhecidos como pós-industriais, são geralmente resíduos gerados pela indústria ou parte de um processo de produção.

A reciclagem de materiais na construção é fundamental para reduzir o desperdício e minimizar o impacto ambiental. Alguns materiais são mais fáceis de reciclar do que outros, permitindo uma abordagem mais eficaz para a sustentabilidade na construção. Aqui estão alguns exemplos de materiais comuns:

  • aço;
  • gesso;
  • betão;
  • madeira.

Esses materiais representam apenas alguns exemplos de como a reciclagem pode ser incorporada na prática construtiva para promover a sustentabilidade e a gestão eficiente de recursos.

 

Madeira sustentável e certificada

Embora a madeira ainda seja amplamente utilizada na construção, para uma abordagem sustentável recomenda-se o uso de produtos certificados de acordo com as normas do Forest Stewardship Council (FSC). O FSC é uma certificação ambiental que confirma que, na produção de um produto feito de papel, papelão ou madeira, está a ser realizada de forma responsável e sustentável, garantindo a preservação da diversidade biológica e assegurando a viabilidade económica a longo prazo.

Atualmente têm surgido novos métodos de construção que usam a madeira como material estrutural, trazendo um produto inovador destinado a transformar a construção de edifícios altos: os painéis CLT (Cross-Laminated Timber).

Wood House – projeto com estrutura de madeira pré fabricada

 

Materiais renováveis e biodegradáveis

Os materiais de origem vegetal com ciclos de colheita inferiores a 10 anos, como bambu, linóleo e cortiça, são considerados rapidamente renováveis. 

  • Bambu

Na esfera da arquitetura sustentável, o bambu surge como um material versátil na construção. Na MJARC, reconhecemos as propriedades singulares do bambu, integrando-as nos nossos projetos, como é o caso do projeto Riverside.

Riverside – projeto com fachada de bambu

Este material, com uma história comprovada que remonta a milhares de anos, destaca-se como uma escolha sustentável para a arquitetura. Ao contrário de muitos recursos naturais, o bambu continua a crescer e reproduzir-se sem a necessidade de ser replantada após a colheita, apresentando-se como um exemplo de resiliência na natureza. 

O bambu, pertencente à família da relva, floresce em todos os continentes, exceto na Europa e nos polos, adaptando-se a diversas condições climáticas. Esta versatilidade natural traduz-se numa excelente relação resistência-peso, tornando-o extremamente leve e, ao mesmo tempo, mais resistente do que materiais como betão e tijolo. Contudo, é importante destacar que, assim como qualquer material, o bambu requer tratamento específico para resistir a insetos e ao apodrecimento. 

 

  • Cortiça

A cortiça, amplamente reconhecida como um símbolo nacional, destaca-se como um material ecologicamente responsável e com um aumento significativo de utilização nos últimos tempos.

Do ponto de vista ambiental, a cortiça é extraída de árvores vivas, permitindo que estas continuem a crescer e a regenerar a cortiça. Este processo não poderia ser mais sustentável. A resiliência e flexibilidade da cortiça, capaz de recuperar a sua forma original mesmo sob pressão constante, conferem-lhe propriedades notáveis. Estas características, aliadas à sua resistência ao desgaste e à capacidade excecional de absorver choques, tornam-na uma escolha preferencial, especialmente em pavimentos que amortecem ruídos de impacto.

A cortiça mostra um desempenho notável na absorção de ruídos, destacando-se como material de eleição para isolamento acústico. Além disso, atua como um eficiente isolante térmico, contribuindo para o controlo dos custos energéticos associados à climatização de edifícios. Projetos como o Nordial Centro Renal em Mirandela evidenciam o compromisso com a sustentabilidade ao integrar a cortiça para o isolamento nas suas estruturas, aproveitando os benefícios ambientais e a versatilidade desse material.

Nordial Centro Renal – projeto com revestimento de cortiça para isolamento térmico e acústico

 

  • Palha

A palha, muitas vezes subestimada, revela-se uma opção para a arquitetura sustentável. Originada de plantas como trigo, cevada ou arroz, a palha é um recurso renovável, alinhado com práticas agrícolas que minimizam os impactos ambientais.

Além da sua aplicação como material de construção, a palha assume um papel crucial na redução do consumo energético, contribuindo para o desempenho térmico dos edifícios ao regular a temperatura interna. Este material, em mistura com argila permite não só o preenchimento entre colunas e em vigas, como também desempenha função isolante, seja termicamente ou acusticamente.

Ao contrário das preocupações provenientes do conto infantil dos três porquinhos, a palha surge como uma escolha segura e sustentável. Este material, tendo o tratamento adequado, oferece resistência ao fogo, sem gerar emissões tóxicas durante a combustão. Técnicas construtivas tradicionais, como a utilização de fardos de palha, proporcionam uma abordagem inovadora e eficiente para integrar este material em projetos arquitetónicos.

 

4 medidas a ter consideração na escolha dos materiais sustentáveis

 

1. Identificar fontes locais de produtos ambientalmente preferíveis

O uso de materiais locais não apenas reduz os danos ambientais associados transporte, também apoia a economia local.

2. Desenvolver uma política de materiais sustentável 

Descreva as metas, limites e procedimentos para aquisição de consumíveis correntes e bens duráveis. Avalie os materiais com base em seus valores a montante e tenha em consideração o ciclo de vida. 

3. Especificar materiais e equipamentos verdes. 

Dê preferência a materiais renováveis, materiais regionais, materiais recuperados e aqueles com materiais reciclados. Escolha fornecedores que promovam a redução na fonte através de produtos reutilizáveis ​​ou embalagem mínima de produtos. Procure certificações e respectivo selo ambiental nos materiais.

4. Especificar produtos de manutenção verde

Escolha produtos de limpeza sustentáveis e materiais que atendam aos padrões Green Seal, Environmental Choice ou EPA para proteger a qualidade ambiental interna e reduzir os danos ambientais.

 

Em resumo, a MJARC está comprometida a adotar práticas de construção sustentáveis, optando por materiais que contribuam para um futuro mais verde e ecologicamente equilibrado. A escolha consciente de materiais na construção não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para preservar o nosso planeta para as gerações futuras!